quinta-feira, 6 de novembro de 2008



AO VENTO

O vento passa a rir, torna a passar, Em gargalhadas ásperas de demente; E esta minh'alma trágica e doente Não sabe se há-de rir, se há-de chorar! Vento de voz tristonha, voz plangente, Vento que ris de mim, sempre a troçar, Vento que ris do mundo e do amar, A tua voz tortura toda a gente!... Vale-te mais chorar, meu pobre amigo! Desabafa essa dor a sós comigo, E não rias assim!...Ó vento, chora! Que eu bem conheço, amigo, esse fadário Do nosso peito ser como um Calvário, E a gente andar a rir pla vida fora!!...

(Florbela Espanca)

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